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Dom Ruan

  A noite, ele vem e pede um simples cafuné Encosta sua cabeça em mim, cansado e tranquilo. Em uma procura de mais do meu corpo, Acha os meus seios e encontra para si um paraíso. Aquece-me, cheira o meu pescoço em um jogo de sedução No meio de falas doces e sorrisos trocados, eu o desejo. Sinto sua masculinidade, sua proteção, seu apego. Meu desejo mais oculto, minha pura obscenidade Seus lábios famintos nos meus, um adorável prazer e necessidade. Pertenço ao meu ardente protetor, sou a dona dos seus encantos Rendida, submissa, apreciada, todo esse amor tornou se minha vaidade. A noite, ele vem e fica, a cama é a conquista do casamento Meu dom Ruan dorme tranquilo, seu lugar é sempre ao meu lado Sou a mulher dos seus dias, sou sua fonte noturna de desejos Essa paixão é meu troféu, é a minha doce sentença. (De sua esposa e amante) Por Lídia.
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Sapatos

        Sapatos, nos seus mais diversos formatos, nomes ou funções, é um acessório de muito interesse, principalmente pra nós mulheres. Cada época que vivemos, tivemos ou temos um sapato que nos agrade. E cada sapato nos leva para vários momentos, os marcantes e inesquecíveis, o do nosso dia a dia, e todo mundo tem aquele já bem desgastado de passar as horas gostosas de ficar em casa. O que me deu na cabeça pra falar de sapatos, foram algumas memórias que tenho a partir deles. Lembro em especial de duas. Em uma ocasião, quando eu estava no pré-escolar, estava a reclamar novamente de dor de barriga. Assim, meu pai foi chamado mais uma vez, e preocupado, foi me buscar na escolinha e disse que sabia de um bom remédio pra aquilo. Me pôs no Pampa acinzentado que ele tinha e me levou pra uma loja, lá deu-me um sapato de presente. Eu fiquei tão feliz, que cheguei em casa, mostrando eufórica o lindo sapato que eu tinha gostado, e logicamente eu esqueci da dor de ba

Prometo ser, até que a morte venha.

Ir com a maré, ou ser Maria-vai-com-as-outras. São expressões que ouvia muito quando criança. E faz todo o sentido pra mim, hoje. Comprar o que todo mundo estava comprando, ouvir aquele cantor ou cantora que todo mundo estava ouvindo, cantar na igreja as músicas que as outras meninas gostavam, e que nem ficava tão bonita na minha voz. Vestir as roupas que as pessoas do meu círculo social estavam vestindo. Mudar meu penteado. Tentar achar um namorado, ou alguém de quem gostar por que as minhas amigas tinham namorados e isso era o melhor assunto pra se falar.  Fazer exatamente o que todos faziam. É… eu fiz muito isso, e devo dizer que, uma vez e outra, me pego aceitando e fazendo de novo. E relembro daquele gosto azedo de quem engolia a própria voz, ou sentia a ausência dela. Um dia, eu era só uma garota do interior, com um palavrado diferente, com um convívio diferente e sob o olhar das pessoas, eu fui mudando aquela garota, insisti em moldá-la por muitos e muitos anos, e

Amores

Na maioria das vezes, tenho amor de beira de estrada. Fico a olhar os mais belos e confiáveis que transitam aqui e ali. Mas não arrisco a erguer a saia não mostro a perna não uso o indicador. Mas espero mesmo assim  Em silêncio, uma carona para o futuro. Nas outras vezes, amo de muitos sorrisos Daqueles que pulam no rosto do outro E tomam conta da minha mente perturbando meu sono. Meus amores São apenas de sentir, Sem ficar, Concretos, mas não sólidos. Não são tristes, ou distantes são reais pra mim. Preciso deles,  Para que não se atrofie o coração Para que eu finge que ainda sei amar Afinal, Tornam-se versos livres aqui.

Palavra conjugada

Sou daquelas que se perturbam, Que conjuga o verbo Pra não se perder no texto. Porque o tempo já se perde, e se acha. Ele se encaixa. No meu, no teu, no vosso e no conto deles. Na interação das histórias antigas de minha mãe. Para ela, palavra conjugada não é tempo, não diz. A denotação se faz  no simples prazer de se lembrar.

Você

Ainda olha você nas fotos, O mesmo sorriso, o mesmo modo de encantar. Foi esse sorriso que me fez chorar. Foram as tuas palavras,  A chave para o meu primeiro amor debutante. Hoje restou os restos de uma história quase encantada Escrita com tinta que desbota, aos poucos, com as chuvas do tempo. Você sorri, você se contradiz, não pediu perdão. Eu fico aqui a lembrar do que não devia ter sido Tenho vontade de jogar esse sentimento calejado pela janela, Mas em vez disso, Eu deixo sentir Deixo me derramar, Mais uma vez. Você se foi, levando embalado naquela caixinha rosa, o amor que te dei, o único amor puro que eu tinha

À Espera

O vento soprava, balançando as roupas estendidas no varal. E a garota na janela ficava lá... Como se estivesse perdida, Com o olhar pensativo, muito distante A chuva caía em abundância, derrubando as roupas do varal E a garota da janela não se movia, Como se estivesse encantada, Deixando que a chuva lavasse seu corpo. O sol, após um tempo, retorna com o calor de sempre. E a garota da janela se limitava a olhar Para algum lugar que era só seu. Questione-me: que lugar seria? No que pensava?  Que fantasia teria? Por que importava? De repente, eu não estava mais curiosa, eu estava comovida. Estava como a assistir a cena intrigante de um filme. De certo, não a conhecia, mas já não era uma intrusa, Por ficar a observá-la. O sol já estava a se por, e os raios pareciam ter secado seus cabelos. Mas a garota da janela, não parecia sentir, Não parecia se importar com o desenrolar da natureza. Tão próximo e tão distante dela. A noite chegou, e as luzes foram ac