Sapatos, nos seus mais diversos formatos, nomes ou funções, é um acessório de muito interesse, principalmente pra nós mulheres.
Cada época que vivemos, tivemos ou temos um sapato que nos agrade. E cada sapato nos leva para vários momentos, os marcantes e inesquecíveis, o do nosso dia a dia, e todo mundo tem aquele já bem desgastado de passar as horas gostosas de ficar em casa.
O que me deu na cabeça pra falar de sapatos, foram algumas memórias que tenho a partir deles. Lembro em especial de duas.
Em uma ocasião, quando eu estava no pré-escolar, estava a reclamar novamente de dor de barriga. Assim, meu pai foi chamado mais uma vez, e preocupado, foi me buscar na escolinha e disse que sabia de um bom remédio pra aquilo. Me pôs no Pampa acinzentado que ele tinha e me levou pra uma loja, lá deu-me um sapato de presente. Eu fiquei tão feliz, que cheguei em casa, mostrando eufórica o lindo sapato que eu tinha gostado, e logicamente eu esqueci da dor de barriga.
Lembro me também de um episódio bem engraçado que envolveu outro sapato. Ganhei uma sandália de plástico transparente, tipo rasteirinha, que era um modelo que estava na moda da época. E usei muito, até que acessório que une a correia e ficava na sola veio a descolar, resultando na correia principal ficar solta. Foi um dia difícil pra uma criança louca por sua sandália, e sendo essa a que usava pra ir À escola.
Minha mãe, teve a brilhante ideia (pra ela mesma), de colocar um preguinho pra sustentar a correia. O plano funcionou, a parte mais importante, era eu conseguir esconder ao máximo dos coleguinhas da escola, que tinha um preguinho na minha sandália. E assim, lá fui eu pra escola. Com um belo segredo na sola do pé.
Mas, o universo conspira.
Justamente nesse dia, um palhaço foi levar a alegria pras crianças da escolinha, e nos mandaram pro pátio e todos deveriam, ironicamente, se sentarem no chão. Eu, como qualquer criança, encantada com o palhaço cheio de cores e suas brincadeiras, lá fui me esquecer do preguinho, e tão à vontade, coloquei meus pés na frente do corpo, enquanto ria à beça.
Podem imaginar a próxima cena: Meus coleguinhas, tiveram acesso rápido e fácil ao segredo entre mim e minha sandália transparente. Primeiro foi um estranhamento, depois as risadas e perguntas que nenhuma criança gostaria de responder.
Crianças. Bem… elas não são más, só são intensas. E eu, a pensar em um jeito sábio de sair daquela situação, contei uma das melhores mentiras da minha infância: Disse que era assim mesmo, que quando você comprava especificamente aquela sandália, dentro da caixa já vinha aquele preguinho pra você colocar nela, caso a parte de baixo se soltasse.
Até hoje, eu não sei se foi a minha eloquência, ou meu desespero mesmo, ou se eu peguei o pulo do gato, mas naquela hora, elas acreditaram ou fingiram acreditar em mim. Pois logo perderam o interesse e ninguém falou mais nada. Assim, continuamos nossa vida escolar tão intensa, como se nada tivesse a acontecido, ou como se um preguinho tão deslocado não estivesse aparecido por lá.
E a sandália? …
Como para todo mundo, a hora dela chegou, e ela foi descansar, depois de ter sido tão guerreira e ter feito um bom trabalho, bem dentro da lata de lixo.
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