Ir com a maré, ou ser Maria-vai-com-as-outras. São expressões que ouvia muito quando criança. E faz todo o sentido pra mim, hoje. Comprar o que todo mundo estava comprando, ouvir aquele cantor ou cantora que todo mundo estava ouvindo, cantar na igreja as músicas que as outras meninas gostavam, e que nem ficava tão bonita na minha voz. Vestir as roupas que as pessoas do meu círculo social estavam vestindo. Mudar meu penteado. Tentar achar um namorado, ou alguém de quem gostar por que as minhas amigas tinham namorados e isso era o melhor assunto pra se falar. Fazer exatamente o que todos faziam. É… eu fiz muito isso, e devo dizer que, uma vez e outra, me pego aceitando e fazendo de novo. E relembro daquele gosto azedo de quem engolia a própria voz, ou sentia a ausência dela. Um dia, eu era só uma garota do interior, com um palavrado diferente, com um convívio diferente e sob o olhar das pessoas, eu fui mudando aquela garota, insisti em moldá-la por muitos e muitos ano...
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